Núcleo Futsal vs Alcáçovas AC
Nunca me coibi de falar sobre as minhas arbitragens, sempre conversei abertamente sobre as mesmas no final dos jogos com os delegados das equipas ou até jogadores e treinadores, mas hoje decidi partilhar a experiência vivida em Mora no Sábado passado.
Compreendo que as pessoas tenham que libertar as suas frustrações e escolham para isso um pavilhão ou campo de futebol, compreendo que desabafem sobre nós, árbitros, tudo aquilo que lhes vai na alma, compreendo que se reclame nos lances mais polémicos de um jogo, não consigo é compreender que se critiquem todas as decisões sejam elas favoráveis ou desfavoráveis à equipa que se apoia.
É estranho, muito desconfortável até, arbitrar num pavilhão em que tudo está sempre mal.
Vou dar alguns exemplos: Jogador substituto, num minuto de tempo morto, atravessa a superfície de jogo para ir receber instruções à bancada e regressa, foi advertido por ter entrado deliberadamente na superfície de jogo e a critica foi geral, ou quase. A bola, com o jogo a decorrer, toca num objecto pendurado no tecto, é sinalizado o respectivo pontapé de linha lateral, (O que é que eu fui para ali inventar?!), no recomeço, o jogador deixa a bola entrar na superfície de jogo e só depois a pontapeia, o jogo é interrompido e o lançamento muda de equipa, tudo dentro das Leis, “olha, fez asneira e agora está a ver se emenda”. Num lance, em que não tive qualquer dúvida em sancionar golo, ia caindo o Carmo e a Trindade, a bola ultrapassou efectivamente a linha de baliza, de onde estava vi e já tive confirmação de pessoas que estavam na bancada, mas quase todos criticaram duramente a decisão.
Posso também dizer que, no mesmo jogo, auto criticando a nossa arbitragem, existem três lances duvidosos e em que a decisão poderia ter sido outra, num deles, que dá golo para os visitantes, de onde estava, pareceu-me que o jogador ganhou a bola em falta, perto do João, benefício da dúvida para ele que está muito bem colocado. Noutro, reclama-se grande penalidade, mão na bola, não vejo o lance porque tenho um jogador a tapar-me a visão daquela zona, jogador esse que foi o primeiro a esboçar um protesto. Talvez com uma colocação mais eficiente tivesse vislumbrado essa infracção, se ela existiu. No último, interrompi o jogo, por falta de um jogador sobre o guarda-redes, e houve uma picardia entre esse jogador e um adversário, não vi que tipo de desentendimento existiu entre eles porque me estava a deslocar para advertir o jogador da primeira falta e quando dei conta já estava um amontoado de jogadores a separar o desentendimento. Neste ultimo lance a responsabilidade é inteiramente minha, pois não devia ter-me centrado unicamente num lance e descurado o resto da superfície de jogo.
Também aconteceu um lance em que a bola saiu ao lado do poste da equipa da casa, entrou na baliza por um buraco da rede, que tem tantos danos que é impossível remediar a coisa em condições, deixo este alerta para os responsáveis do pavilhão, bateu num ferro da baliza e saiu de dentro dela, num primeiro momento foi sancionado golo pelo João, que ficou com essa ideia pela rapidez do lance, mas, depois de conversarmos e confirmarmos o estado da rede, voltámos atrás e seguiu o jogo com um lançamento de baliza. Penso que ficaria bem ao jogador que rematou prestar essa informação, a isso é que se chama Fair Play. Pois no primeiro tempo houve um golo, na outra baliza, a bola saiu por um dos tais furos da rede e ninguém reclamou que não tinha sido golo, incluindo os jogadores de Mora que o sofreram.
Poderão existir outras falhas, no entanto, penso que tivemos um bom desempenho e o Núcleo de Futsal de Mora pagou cara a sua entrada desconcentrada no jogo, pois permitiu que o adversário se adiantasse com bastante facilidade no marcador e quando reagiu foi tarde para recuperar o prejuízo.
Espero que o publico em Mora não se sinta melindrado com a minha opinião, mas é muito mais salutar que apoiem a vossa equipa, uma vez que estão sempre muitas pessoas na bancada, do que vão apenas, ou melhor, unicamente criticar-nos nas nossas decisões.