segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Princípio, Meio e Fim

Tudo na vida tem um princípio, um meio e um fim, disso ninguém duvida, também existem timings e certas conjugações de factores que nos levam a tomar decisões, algumas fáceis outras difíceis. A decisão que tomei foi muito difícil e ponderada. Conjugaram-se alguns factores para que chegasse à conclusão (e difícil decisão) de que não deveria continuar nesta actividade.
Os motivos principais são de ordem profissional e familiar. Existiram alterações nos horários no serviço onde me encontro, passando a integrar uma escala rotativa que abrange as 24 horas do dia e os 7 dias da semana, com folgas rotativas que nem sempre calham ao fim de semana, tornando-se assim muito complicado arranjar tempo para arbitrar quer a nível nacional quer a nível distrital. Esta alteração, que até se poderia, embora dificilmente, conciliar com a arbitragem, com muitas trocas e favores dos colegas, deixaria muito pouco tempo, ou quase nenhum, para a família, que sairia bastante prejudicada, como até aqui tem sempre sido. Como para mim a família está e estará sempre em primeiro lugar, a minha entidade patronal não pode ser prejudicada com as minhas actividades extra profissão e o tempo disponível para treinar e me manter actualizado diminuiria drasticamente, não me restou outra hipótese além do abandono da carreira de árbitro.
Como já disse foi muito difícil decidir, mas foi uma decisão madura e consciente.
Foram cerca de 10 anos de dedicação à causa da arbitragem, se mais não fiz foi porque não me foi possível. Atingi patamares que nunca pensei atingir, esforcei-me sempre por me manter actualizado e com um nível físico, no mínimo, aceitável para desempenhar a função, conheci muita gente e muitos locais que desconhecia, fiz amigos e creio que não criei inimigos, ajudei quando pude e pedi ajuda quando não sabia, passei por inúmeras peripécias e situações complicadas, enfim, um chorrilho de coisas muito boas e poucas más, felizmente.
Quero agradecer a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram e fizeram crescer no mundo da arbitragem, agradeço também a todos aqueles com os quais tive o enorme privilégio de arbitrar e aqueles com quem formei equipa, agradeço à AFE e seu Conselho de Arbitragem como agradeço à FPF pelas oportunidades e condições que me proporcionaram para ser árbitro de futsal, agradeço ainda a todos os agentes desportivos, jogadores e dirigentes, com os quais me cruzei e sempre respeitei, sendo respeitado.
Sempre pautei a minha vida por valores dos quais muito me orgulho, respeito, sinceridade, honestidade, frontalidade e muito bom senso, entre outros, pedindo assim desculpa a todos aqueles que se possam ter sentido prejudicados por alguma decisão que tomei, no decorrer dos muitos jogos que arbitrei, quando o fiz foi por incompetência e nunca, mesmo nunca, de forma reiterada ou propositada com a intenção de prejudicar alguém ou algum clube.
Não gosto de despedidas, como tal, até um dia, pois espero um dia regressar a esta modalidade noutra qualidade qualquer.
Saudações Futsalistas.